SARSAT significa Search and rescue satellite-aided tracking system (Canada, France and USA) e COSPAS significa Space system for the search of vessels in distress (Russia). De 1982, quando foi lançado, até 2012 esse sistema já colaborou no resgate de 35,055 pessoas em 9,665 emergências (inclui marítima, aérea e em terra). Quando alguém recebe o sinal nas frequências citadas deve seguir o protocolo de informar ao controlador (marítimo ou aéreo) a sua posição geográfica. O sistema conta com 12 satélites (6 em órbita e 6 estacionados), além de 109 unidades em solo nos países participantes. Saiba mais em http://www.cospas-sarsat.org/images/stories/SystemDocs/Current/SD39-DEC15_E.pdf
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Estamos completando 2 anos da maior tregédia natural do Brasil. As chuvas da região serrana do Rio de Janeiro. E isso me fez repensar que muitas dessas tragédias são repetidas todos os anos em diferentes partes do país, por isso são tragédias anunciadas. Ampliadas pelo descaso, pelas escolhas e prioridades traçadas pelos Prefeitos ou Governadores do Estado. No Rio de Janeiro, por exemplo, eu sou a favor da obra do Porto Maravilha, uma obra espetacular que vai revitalizar o centro da cidade. No entanto, se não temos dinheiro para fazer todas as obras que queremos e precisamos, qual delas vamos priorizar? Será que o Porto Maravilha é mais importante para o carioca do que cuidar de deslizamentos em encostas, enchentes e alagamentos ?
As obras do Porto Maravilha na Cidade do Rio de Janeiro estão orçadas em R$ 3 bilhões, conforme se depreende das apresentações da Prefeitura e das matérias jornalísticas sobre o tema. Só a desapropriação do Bar Porreta, próximo à Rodoviária Novo Rio, para dar lugar à projetada Avenida do Binário, custou (na justiça) R$ 1,4 milhão aos cofres públicos! Imagina desapropriar toda a região, bem como custear as obras.
O orçamento inicial de R$ 3 bilhões para o projeto do Porto Maravilha, se seguir o histórico de obras públicas que nós conhecemos, pode estourar! Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, a Cidade da Música foi orçada em R$ 80 milhões e terminou custando R$ 518 milhões à prefeitura e mudou o nome para Cidade das Artes. Outro exemplo foi o Estádio João Havelange, o Engenhão, que estava orçado pela prefeitura em R$ 60 milhões e acabou construído por R$ 380 milhões.
Ainda que imaginemos que o orçamento esteja rigorosamente perfeito e sua execução não perceba desvios de planejamento, com 10% de R$ 3 bilhões teremos R$ 300 milhões. Segundo a ALERJ – Assembléia Legislativa Estadual do Rio de Janeiro – reproduzindo informações do secretário de Estado de Defesa Civil, Coronel Sérgio Simões, o Sistema de Alarmes contra Desastres custou R$ 4 milhões para ser implantado em 42 comunidades da região serrana do Rio, composto por 84 sirenes. Ou seja, R$ 4 milhões / 42 comunidades, temos que aproximadamente R$ 95 mil por comunidade ou área de risco. Finalizando o raciocínio inicial, com 10% do custo do Porto Maravilha, R$ 300 milhões, poderíamos pagar 117 (o número que a Prefeitura alega ter de áreas de risco na cidade) Sistemas de Alarmes contra Desastres e ainda sobrariam aproximadamente R$ 289 milhões que é mais que o dobro dos R$ 114 milhões de ORÇAMENTO ANUAL da GEORIO para fazer obras de contenção na cidade ! A GEO-RIO, por exemplo, em 2010 – após as chuvas de 6/abril/2010 – executou 380 frentes de serviços em encostas e áreas de risco, que nos custaram R$ 145 milhões.
Enfim, repito, baseando-se apenas nas compras e gastos da própria prefeitura e governo estadual é possível afirmar que, com apenas 10% do custo do Porto Maravilha pagaríamos Sistemas de Alerta contra Desastres e Postos avançados de Defesa Civil em todas as áreas de risco cariocas, e ainda sobrariam recursos para aproximadamente 760 obras da GEO-RIO em encostas!
Outro exemplo está na enorme obra, que ainda é um projeto, e que resolveria o problema dos alagamentos constantes e antigos da Bacia Hidrográfica do Canal do Mangue. A obra toda contempla o desvio do Rio Joana, criação de piscinões na Grande Tijuca, canalização do Rio Trapicheiro, etc. e custará R$ 292 milhões (também menos de 10% do custo do Porto Maravilha). Resolvendo inclusive o antigo problema de alagamentos na Praça da Bandeira. Até agora, deste projeto, só foi construído o piscinão da Praça da Bandeira. O projeto todo está detalhado pela Prefeitura no vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=YLCss3R-AS8
O brasileiro já aprendeu o que é uma área de risco, só na cidade do Rio, segundo a Prefeitura aponta em seu site que mapeou as áreas que totalizam 117 com 21 mil residências. Usando dados do Instituto Pereira Passos, em média 2,59 pessoas vivem em cada residência na cidade. Logo, são aproximadamente 63 mil pessoas vivendo em áreas de risco. Ainda assim imagino que este número de áreas de risco possa ser maior, pois temos 327 morros ou montanhas na cidade – que tem uma média de 400m de altitude – além de 200 cursos d´água. Nossa região é composta por três grandes Maciços tendo áreas alagáveis e lagoas ao seu redor, Maciços da Tijuca, da Pedra Branca e de Gericinó-Mendanha. Nossos 200 cursos d´água fazem as águas das montanhas escoarem para o mar, só na Bacia Hidrográfica do Canal do Mangue temos 29 rios, dos quais os maiores são: o Rio Maracanã com 10Km de extensão que nasce no Alto da Boa Vista e o Rio Comprido com 4Km de extensão que nasce no Sumaré, ambos terminam na Baía de Guanabara através do Canal do Mangue.
Na cidade do Rio de Janeiro temos 818 favelas, das quais 30 com UPPs. É importante ter a UPP para nos permitir e facilitar a implantação de um posto avançado de Defesa Civil nas comunidades, que a atual administração está batizando de Unidades de Proteção Civil (UPC’s) . O Estado prevê ainda a criação do Centro de Monitoramento e Alerta para Desastres Naturais nas regiões mais afetadas por chuvas, com a contratação de profissionais treinados (meteorologistas, engenheiros, etc.) para apoiar a Defesa Civil.
Tenho que ressaltar que, as cidades do Rio e da Região Serrana são compostas e foram costruídas em áreas de risco. Deveríamos retirar todos da área de risco e deixar a natureza agir como sempre fez, porém isso é impossível, uma utopia, não há como remover e assentar toda uma cidade! É fisicamente e financeiramente impossível. Nossa saída são respostas pontuais e paleativas. Como por exemplo, a criação de Nudecs (Núcleo Descentralizado de Defesa Civil) nas áreas de risco e o treinamento da população residente de como agir e o que fazer. É assim no México, no Chile e no Japão, por exemplo, quando respondem a terremotos. Precisamos salvar as vidas e ter resposta rápida nas tragédias.
Enfim, quando percebermos uma tragédia anunciada de enchentes, deslizamentos e suas consequentes vítimas, devemos pensar em quais são nossas reais prioridades. Com 10% do Porto Maravilha nós colocamos Sistemas de Alerta em todas as áreas de risco da cidade, e ainda sobra muito para os postos avançados de Defesa Civil e eventuais obras de contenção de encostas.
Mas não é só o governo que precisa agir e priorizar. As pessoas precisam saber que não podem construir em áreas de risco, e muito menos ampliar o peso das casas já construídas com seus famosos puxadinhos, não podem tampouco desmatar matas ciliares e construir nas margens de rios (em até 30 metros). E ainda não podem poluir e jogar lixo nas encostas e rios, pois a natureza vai devolver tudo um dia.
Mais no G1, no link: http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2013/01/ideal-seria-retirar-todos-das-areas-de-risco-mas-e-utopia-diz-especialista.html
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