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Estatísticas das seguradoras não batem com os números do Governo do Rio

O Rio de Janeiro enfrenta uma onda de ataques orquestrados por traficantes e ou milicianos, descontentes e desesperados pela atitude do atual Governo Estadual de luta contra o narcotráfico. Entre os dias 21 e 24 de novembro de 2010, observamos muitos arrastões, dezenas de carros e ônibus incendiados, tiroteios, etc. A cidade foi invadida pelo terror.

No Rio há 968 favelas, das quais apenas 12 possuem o privilégio de possuir uma UPP – Unidade de Polícia Pacificadora – isso após 4 anos deste Governo Sérgio Cabral. A idéia da UPP é excelente no papel, mas carece de maior aceleração na sua implantação e de que o conjunto de serviços sociais do Estado, tais como: escolas, creches, postos de saúde, etc. acompanhem o projeto.

A demora na implantação de novas UPP´s faz com que o traficante expulso encontre uma nova região geográfica para atuar, e o desarranjo das divisões geográficas pré-estabelecidas pelos criminosos faz com que a disputa pelas áreas remanescentes traga o terror à cidade.

Mas outro fato assusta: pela desinformação que nos levaria a planejamentos equivocados, definições de prioridades erradas, etc. Ou pela adulteração das estatísticas para efeitos de marketing, indicando um Governo que esconde da sociedade a realidade dos fatos, para justificar sua ineficiência perante os ataques ora orquestrados.

Considerando de janeiro à setembro dos anos 2009 e 2010, os números do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro apontam uma queda de 20% no índice de roubo de veículos. Também houve queda no índice de furto de veículos que é contabilizado separadamente. No entanto, as seguradoras em suas estatísticas apresentam uma elevação dos sinistros de automóveis em 13% para o mesmo período!

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Esses números de sinistralidade envolvem toda a carteira de seguros de automóveis, são dados disponibilizados pela SUSEP no site www.susep.gov.br , portanto, podem incluir colisões, incêndio e roubo ou furto de veículos. Ainda segundo esses dados, comparando-se o primeiro semestre de 2008 com o primeiro semestre de 2009, excluindo-se as colisões, o número de roubos, furtos e incêndios de veículos foi de 4.539 em 2008, e de 5.898 em 2009. Ou seja, houve um aumento na quantidade. Mas em taxas relativas, as seguradoras apesar do aumento de casos, mantiveram esse tipo de evento (sinistro) em 2% da frota segurada, pois houve um incremento de novos segurados.

Além do aumento do número de veículos roubados, o crescimento da sinistralidade indica que o também excelente projeto de combate ao alcoolismo de motoristas, através de ínumeras Blitz da “Operação Lei Seca”, também não reduziram a quantidade de colisões de veículos. Podem ter reduzido o número de acidentes graves, mortos em acidentes automotivos, etc. fato que, por si só, já justifica a aplicação deste programa.

O importante desta pesquisa é apontar que os dados do ISP, através do site www.isp.rj.gov.br/ , não estão em consonância com o observado e indenizado pelas seguradoras. Considerando-se aqui o mesmo período e a mesma geografia. Não houve redução dos números de roubos e furtos de veículos no Estado do Rio de Janeiro. Isso é grave pois nossa política de segurança está sendo planejada com números e informações duvidosas.

Outra informação é técnica. A sociedade precisa saber que o seguro de automóvel cobre os prejuízos desses ataques ocorridos na Cidade do Rio de Janeiro. O contrato de seguro de automóvel não especifica qual tipo de incêndio está coberto ou não. Ele simplesmente cobre incêndio nas cláusulas contratuais de “Riscos Cobertos”. Além disso, o incêndio ou dano material ao veículo tem sua origem num roubo qualificado, através da perda da posse do veículo através de coação armada. Este evento também encontra cobertura na apólice de automóveis.

A única questão que uma seguradora poderia se confundir, para buscar não indenizar os prejuízos decorrentes desses ataques. Seria tentar aplicar os seguintes parágrafos de “atos de hostilidade ou de guerra” ou “perturbações de ordem pública”, respectivamente itens A e C da cláusula de “Riscos Excluídos”. Ocorre porém, que ao ler e interpretar o contrato de seguro como um todo percebemos que estes riscos fundamentais excluídos deste e de todos os demais contratos de seguros, referem-se a clamidades em grandes proporções que impediriam o funcionamento de uma seguradora e o mutualismo que sustenta o seguro. Não são 30 veículos que poderiam justificar essa interpretação. Ao contrário caracterizaria a má fé da companhia seguradora.

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Catástrofes naturais Chuvas e Alagamentos

Lições: a tragédia das chuvas no Rio de Janeiro poderia ter sido evitada

Se houvesse gerenciamento de riscos na administração pública, não só do Rio de Janeiro, mas em todo o país, a tragédia ocorrida hoje (6 de abril de 2010) poderia ter sido evitada e mitigada para pequenos transtornos sem tantas vítimas fatais.

A COPPE/UFRJ há alguns anos criou uma ferramenta simples e barata, usada para medir o índice pluviométrico da cidade. Usando uma rede de colaboradores, estrategicamente espalhados pela cidade do Rio de Janeiro. E assim, monitorar o perigo eminente de deslizamentos nas encostas do Rio. Aparentemente esse sistema não foi perpetuado pelos governos seguintes.

Além disso, não se vê um plano de contingência com etapas a serem iniciadas após determinados índices de chuvas. Isso não custa caro. Trata-se de gestão. Um plano de contingência precisa ser criado para situações como a observada hoje.

Tal tarefa se inicia elegendo uma quantidade de funcionários públicos e voluntários da sociedade privada, residentes em um determinado bairro, para atuar neste mesmo bairro, como parte integrante de uma grande rede de informações interligadas a um comando central. Todos seriam treinados e teriam tarefas bem definidas (trânsito, informações e imagens, remoção de pessoas de áreas de risco, funcionamento de escolas e hospitais, etc.).

O segundo passo está na distribuição e uso dos recursos e equipamentos públicos. Qual escola servirá de abrigo? Após a chuva ceder, e as aulas precisarem ser iniciadas, para onde irão as pessoas desabrigadas e instaladas na escola (Maracanazinho, outro ginásio) ? Qual hospital terá atendimento de campanha para as áreas afetadas? Qual reboque e trator será usado ? Como se dará o deslocamento e logística dessas pessoas e equipamentos ?

Vale lembrar que não falamos de obras, limpeza de galerias, compra de equipamentos, etc. Só em gestão dos recursos atuais!

Angra dos Reis tem um plano de contingência para evacuação gerido e administrado pela Usina Nuclear de Angra. Ocorre que a probabilidade de um acidente nuclear em Angra dos Reis é muito menos provável que tragédias causadas pelas chuvas no Rio de Janeiro! Por que nada foi feito?

O Rio de Janeiro, parece estar aguardando a construção de um Comando Central, previsto para a Olimpíada de 2016, para então pensar nisso!

Poderíamos ter evitado os dias de luto e a quantidade de vítimas observadas na cidade.