São equipamentos acionados automaticamente por impacto ou molhadura. Tornou-se obrigatório para aviação geral (comercial e particular) nos Estados Unidos a partir de 1972. O objetivo é encontrar um avião acidentado em regiões remotas, o equipamento envia sinais (bateria de 30 dias em média) nas duas frequências internacionais destinadas a emergência (121,5 MHz e 243,0 MHz). Estes sinais são captados por radares de aeronaves, navios, controle do espaço aéreo, e dos satélites COSPAS-SARSAT (Satélites internacionais lançados em 1982 com participação de 43 países entre os quais o Brasil) http://www.cospas-sarsat.org/en/about-cospas-sarsat/participating-countries-organisations .
Em fevereiro de 2009 o Sistema COSPAS-SARSAT mudou a frequência, descontinuou as de 121,5 MHz e 243,0 MHz que recebiam muitos alarmes falsos dos aparelhos de 1ª e 2ª geração e incluiu a frequência 406-MHz dos aparelhos de 3ª geração.
Modelo
Geração
Sinal
Ativação
Alarme Falso
TSO-C91
1ª – 1973
121 MHz
< 25%
> 97%
TSO-C91A
2ª – 1985
121,5 MHz e 243 MHz
73%
Próx. Zero
C126
3ª – 1992
406 MHz
83%
Próx. Zero
As frequências anteriores ainda funcionam para radares em terra mas não oferecem tanta chance de resgate como na 3ª geração em 406 MHz. O custo de um ELT de 2ª geração é de aproximadamente US$ 500 enquanto o de 3ª geração alcança US$ 1.000.
A ANAC determinou que todos os ELTs usados no Brasil, a partir de 1º de janeiro de 2009, deveriam transmitir obrigatoriamente nas frequências 406 MHz, além da 121.5 MHz que já era utilizada no país.
No dia 11 de janeiro de 2010, às 2 horas da madrugada, houve uma chuva muito volumosa que atingiu a Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro deixando 892 mortos (contagem até 10 de fevereiro), 400 desaparecidos, e 35 mil desalojados ou desabrigados nos 16 municípios afetados.
O país tem, atualmente, cerca de 20 radares meteorológicos e 800 pluviômetros automáticos. Os radares captam dados sobre o movimento de circulação da massa de ar e de gotículas de água. Os dados são processados em supercomputadores para prever a localização e intensidade das chuvas. Já o pluviômetro mede o volume da chuva que caiu. O monitoramento desse dado pode informar se o solo de uma região, como o das encostas de morros, recebeu muita água e pode ter risco de deslizamento. A Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais (INPE) possui inúmeros sensores ambientais (clima, ventos, pluviômetros, etc.) os quais podem ser conhecidos no site: http://www.sinda.crn2.inpe.br/PCD/
Em média, a região serrana tem índice pluviométrico de 290 milímetros de chuva por mês, mas que em apenas uma noite Nova Friburgo teve precipitação de 182 milímetros, Teresópolis 124 milímetros, e em Petrópolis não há estação que consiga apontar com precisão a quantidade de chuva que caiu sobre a cidade. Vale lembrar que esta é uma média para a cidade toda, pois determinados bairros podem ter recebido um volume de chuvas diferente daquele bairro onde fica localizado o pluviômetro.
Ainda que tenhamos uma variação dentro da região, o que explica um bairro mais afetado que outro nas cidades da Região Serrana, 182 mm de chuva significam 182 litros d´água por metro quadrado. Isso num curto espaço de tempo (uma noite) explica a enchente que destruiu casas e morros. Pela imagem de satélite percebemos que os bairros mais afetados de Itaipava e de Teresópolis estão próximos do mesmo conjunto de montanhas, o qual supostamente recebeu o maior volume de chuva. Na foto está faltando o bairro de Santa Rita mais ao fundo do Vale do Cuiabá e próximo da Posse em Teresópolis.
No dia 5 de fevereiro de 2011 visitei o Vale do Cuiabá, no Distrito de Itaipava em Petrópolis. O cenário de destruição que presenciei me remete a uma situação de guerra: carros amassados como uma bola de papel, algumas casas rasgadas como que sacudidas por um terremoto, outras casas soterradas até o telhado. Os moradores com que conversei passam por um momento muito triste em suas vidas, parece que estão num interminável velório. Mas aos poucos a cidade vai se recuperando graças a força de seu povo.
Tirei algumas fotos que contam essa terrível história:
1) Me chamou atenção uma árvore de 50 metros de altura que possui machucados em uma parte bastante alta, comprovando o surpreendente nível que a enchurrada atingiu. A água e lama passaram empurrando pedras, troncos e outros materiais que deixaram marcar nesta árvore.
2) Carros completamente destruídos e levados pela força da água e lama como se fossem leves.
3) Estava no Vale – portanto cercado por montanhas – e para onde olhasse notava morros com deslizamentos graves, mesmo os menores. Não há nenhum morro sem deslizamento em qualquer direção que se olhe.
4) Algumas casas foram completamente soterradas, outras ficaram submersas no mar de água e lama, restando apenas o telhado ou andares mais altos quando os tinham. Reparei nos relógios medidores de consumo de energia, que ficam normalmente à altura dos olhos entre 1,70m e 1,80m, e os encontrei encostados ao chão de lama. Ou seja, as casas foram soterradas até 1,70m de altura com lama.
5) Da antiga fazenda só restou o silo.
6) A Estrada do Vale do Cuiabá – Estrada Ministro Salgado Filho – foi muito prejudicada pela lama e entulho trazidos pela chuva. Possui vários trechos encurtados e destruição ao longo de suas margens. Os postes da rede elétrica e de telefonia derrubados já foram substituídos por outros novos.
7) A ponte sobre o Rio Santo Antonio, que corta todo o Vale do Cuiabá e Vale da Boa Esperança para desaguar no Rio Piabanha de Itaipava, ligando a Estrada Philúvio Cerqueira Rodrigues (que forma a BR 495 Itaipava – Teresópolis) ao bairro Madame Machado foi afetada e encoberta pela enxurrada.
Conclusão:
Acredito que as imagens servem para contar a história real, pois a profundidade desta catástrofe jamais seria alcançada apenas por palavras. E na qualidade de gerente de riscos estudamos os acidentes para aprender com eles e trabalhar para que não se repitam. Reforço o discurso de remoção das áreas de risco, e de que enquanto isso não é possível que se criem planos de contingência. Resumidamente a idéia é de se monitorar o volume de chuvas e que quando estes antingirem determinado patamar que se evacue a região afetada.