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Quase colisão entre aeronaves na aproximação do Aeroporto do Galeão – RJ

Na sexta feira, dia 23 de outubro de 2009, às 17:45 hs (horário de verão), o vôo 3193 da TAM Linhas, que partiu de Salvador – às 14hs – com destino ao Rio de Janeiro e conexões chegava para pousar no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Na aproximação do Galeão, o Comandante recebeu autorização de pouso da Torre de Controle (ATC) do Espaço Aéreo do Aeródromo. Procedeu o aviso às comissárias para procedimento de pouso, fez a descida e curva de aproximação, baixou o trem de pouso já posicionado na final da pista 15, a menor do aeroporto, com 3,2km, que fica paralela à Linha Vermelha.

No avião estava toda delegação do Esporte Clube Bahia que jogaria e perderia do Vasco da Gama, no Maracanã, neste sábado pela 2a divisão do campeonato brasileiro. No vôo lotado, também estava o ex-diretor do Banco central, Gustavo Franco.

Ocorreu que, próximo ao touch-down, o piloto arremeteu. Até aí tudo bem, pois é mesmo um procedimento normal quando há muito vento, pouca visibilidade, entre outros fatores que prejudicam um pouso seguro. Mas o estranho é que o vôo estava visual, isto é, com tempo bom apesar de poucas nuvens, onde o piloto conseguia ver com tranquilidade a pista e a aproximação da aeronave. Inclusive na descida não percebi ventos fortes, pois naquele momento o avião não enfrentava forte turbulência.

A confirmação do problema veio depois, quando já sobrevoando o mar da barra da tijuca e buscando uma nova aproximação para a mesma pista, o Comandante comunicou aos passageiros que o pouso era visual, sem maiores problemas, e que foi obrigado a arremeter pois havia tráfego à sua frente. Ora, ele recebeu autorização de pouso juntamente com outra aeronave? Como assim?

Será que a Torre do Galeão está preparada para receber o aumento de tráfego aéreo com os eventos da Copa do Mundo e das Olimpíadas?  Certamente houve um incidente grave. Se o piloto da TAM fez um Relatório de Perigo, certamente o incidente será investigado pelo Cenipa.

Eu mesmo enviei um Relatório de Perigo à ANAC, através do site, no link: http://www.anac.gov.br/relatoriodeperigo/

Vamos aguardar…

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HELICÓPTEROS NÃO PODEM SER PLATAFORMA DE TIRO !

O acidente com o helicóptero esquilo, modelo AS 350 B3 (também há o modelo AS 350B2), da polícia militar do Estado do Rio de Janeiro, abriu uma nova discussão: é adequado o uso deste helicóptero como plataforma de tiro?

Claro que não! A fabricante Helibrás, representante da Eurocopter no Brasil, embora defina que o helicóptero pode ser usado pela polícia, não especifica claramente em sua propaganda qual a função exata do aparelho quando em uso de operações policiais. No entanto, a mesma fabricante vende outros modelos de uso militar; são helicópteros com armamento e preparados para operações de ataque, tais como plataformas de tiro. No entanto, nenhuma polícia do mundo utiliza-se de helicópteros para plataforma de tiro, mas apenas para o transporte ou serviços de patrulhamento e vigilância.

O Esquilo AS 350 B2 é um helicóptero monoturbina leve para 5/6 passageiros e 1 piloto. Equipado com um motor Turbomeca Arriel 1D1, apresenta melhor desempenho em altitudes elevadas e em temperaturas altas. A versão AS 350 B3 é a aeronave indicada para condições extremas de operação, equipado com uma potente turbina Turbomeca Arriel 2 B controlada eletronicamente.

Rotor do Esquilo
Rotor do Esquilo

O rotor principal do helicóptero AS 350 fabricado no Brasil pela Helibras, é considerado uma inovação da tecnologia de materiais, pela sua segurança, menor desgaste, maior vida útil e não ter a necessidade da lubrificação convencional. A despeito disso tudo, se levar um tiro de qualquer arma pode ter danos que façam o helicóptero cair. Seja no rotor principal, no rotor da cauda ou no motor. Vale lembrar que estas partes não são blindadas !

O helicóptero esquilo que caiu no dia 17 de outubro de 2009, em operação policial, era blindado na base e ainda assim foi atingido, provavelmente no tanque de combustível (com capacidade para 540 litros de QAV, que é muito mais inflamável que a gasolina), e pegou fogo imediatamente.  Diante disso, o Governo Federal se apressou em disponibilizar outro helicóptero blindado, como parte da solução deste problema. Ora saibam todos que o equipamento, mesmo blindado completamente, se for atingido no rotor também cairá !

Não estou entrando no mérito de dizer que os salários dos policiais, e também dos pilotos desses helicópteros, são baixos e os menores do país. Além disso, a questão do armamento pesado chegar nas favelas. Não, apenas desejo aqui reiterar que helicópteros não podem ser usados conforme a prática atual, como plataforma de tiro.

E também não podem ser alvos dos traficantes. Pois helicópteros de uma forma geral, civis e militares, correm muitos riscos na cidade do Rio de Janeiro, a ponto das seguradoras não ficarem confortáveis com esses seguros. A região metropolitana do Rio é dividida em dezesseis corredores aéreos para helicópteros. Numa capital com 516 favelas, quase todos passam por áreas dominadas por traficantes. Esses abjetos utilizam balas de fuzis como o AK 47, o FAL e o AR 15, que atingem 3 Km de distância. Pela norma da Aeronáutica, os helicópteros civis devem voar entre 500 pés (166,6 metros de altura) e 2.500 pés (833 metros de altura), ou seja, os helicópteros – mesmo civis – sempre estão na linha de alcance do tiro. Além disso, há um agravante nas rotas mais perigosas, como no trecho apelidado de “Faixa de Gaza” – inclui o Complexo da Maré, junto à Linha Vermelha, e o do Alemão, na Zona Norte –, onde os pilotos não podem voar a mais de 1.000 pés (333 metros de altura) devido à proximidade do tráfego aéreo do Aeroporto Internacional Tom Jobim.

Anatomia de um helicóptero - Fonte: Wikipedia
Anatomia de um helicóptero - Fonte: Wikipedia