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Atividade petrolífera é perigosa. Novo acidente envolvendo baleeiras !

A Baleeira é um barco grande, normalmente com capacidade para 50 pessoas, usado na evacuação da plataforma de petróleo off-shore, em caso de uma emergência. 

Em 16 de agosto de 1984,  37 das 220 pessoas que estavam na plataforma Enchova-1 morreram quando a embarcação (Baleeira) na qual tentavam fugir de um incêndio despencou no mar, de uma altura de 30 metros. Durante duas horas e meia, muitos trabalhadores da Petrobrás lutavam para escapar com vida do segundo maior acidente da história da Petrobras (o maior foi o da P-36), ocorrido na bacia de Campos, a 82 km do litoral.

Tudo começou quando os operários ouviram uma explosão, seguindo as normas de segurança correram para a sala de controle para receber orientação e de lá seguiram para um dos pontos de encontro predeterminados nos simulados de emergência. Houve então uma nova explosão após a qual podia se ver uma chama enorme, de 20 metros de altura, bem perto de onde estavam. O pessoal da segurança disse que não havia como controlar o incêndio e os mandou para as baleeiras.

Enchova-1 tinha cinco baleeiras, embarcações de fibra de vidro com capacidade para 50 pessoas cada uma e pesando cerca de 10 toneladas. As baleeiras eram sustentadas por dois cabos de aço, que quando acionados através de uma engrenagem  desciam as embarcações até o mar. Apesar de estarem todos os operários acomodados na baleeira, ao invés da ordem de baixar o barco, receberam dos superiores a ordem de sair do barco e evacuar por uma escada. Desceram 30 metros, e ao final daquela escada precisaram pular no mar de uma altura de 2 metros.

Uma das embarcações (baleeira) despencou no mar. A queda teria sido causada por superlotação, havia 57 pessoas embarcadas. Um pedaço da baleeira ficou preso no cabo de aço enquanto o outro despencou. O barco ficou num ângulo de 90 graus e as pessoas que não conseguiram se segurar despencaram no mar de uma altura de 30 metros.

Hoje, 17 de maio de 2010, uma baleeira que fazia teste de rotina caiu no mar na Bacia de Campos. Dos 4 funcionários acidentados, 2 morreram. Eles trabalhavam na Plataforma Ocean Ambassador, da Brasdril, que presta serviço para a empresa OGX, na Bacia de Campos.

Ainda precisam apurar as causas deste acidente envolvendo a OGX, porém há uma triste coincidência nas estatísticas de acidentes. Há uma recorrência ou repetição de determinados casos. A baleeira da OGX caiu no mar de uma altura de 30 metros!

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O acidente com a Deepwater Horizon e o avanço da mancha de óleo: Outro Exxon Valdez?

O vazamento diário de petróleo no Golfo do México, originado pelo naufrágio da plataforma Deepwater Horizon (em operação da BP que alugava a plataforma por US$ 533 mil ao dia à proprietária Transocean), está em 5.000 barris de óleo por dia. No início estimava-se em 1.000 barris.

O navio Exxon Valdez derramou 250.000 barris de petróleo no Alasca. Para isso acontecer, o que definitivamente ninguém quer, o vazamento observado no Golfo do México (próximo a Lousiana – EUA) terá que se repetir por 50 dias.

A BP vinha tentando, apoiada por toda a tecnologia existente hoje, através de um submarino (ROV – Remotely Operated Vehicle, que está mais para um robô que um submarino) selar o poço, fato que – se fosse possível – resolveria o problema em questão de dias. Em paralelo o processo na superfície de controlar e usar dispersantes químicos reduziria o impacto ambiental do vazamento.

No entanto, nos parece que não foi possível selar o poço através do submarino. Isso pode ocorrer pela excessiva pressão interna do poço localizado a 1.500 metros de profundidade. Qual a solução? A BP terá que fazer outro furo atingir a mesma reserva de petróleo, e assim ao retirar óleo por outro canal aliviar a pressão. Permitindo então selar o furo através do submarino. O problema é que todo este processo demora muito!  Exatamente por isso a BP já anunciou que demorará 3 meses para estancar o vazamento. E assim, muito infelizmente, poderemos ter um novo recorde desagradável nos EUA.

No entanto, percebemos que lições do passado com o triste acidente do Exxon Valdez foram aprendidas. O governo Barack Obama está empenhado em auxiliar na solução. E a BP está gastando muito dinheiro e agindo muito rápido – com toda tecnologia possível – para mitigar os danos. No Alasca com a Esso (no caso do navio Exxon Valdez) não houve isso, ao contrário demoraram muito para agir e tentaram discutir as responsabilidades internamente com a Alyeska (pool concessionário da exploração do oleoduto no Alasca). No caso atual do acidente com a Deepwater Horizon, o CEO da BP (British Petroleum) mostrou pró-atividade ao dar uma entrevista à Reuters, Tony Hayward disse que a BP vai assumir toda a responsabilidade e compensar todos os danos causados, além de não medir esforços para sanar o mais rápido possível o vazamento.

O mercado segurador mundial estima que os prejuízos – contabilizando inúmeras coberturas e apólices – atinjam entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões. Para se ter uma idéia, o acidente com a plataforma Piper Alpha (Mar do Norte) em 1988, matando 167 pessoas, custou US$3.6 bilhões ao mercado segurador.

A Transocean possui uma apólice de US$10 milhões por ocorrência para acidentes pessoais afetando a sua tripulação (funcionários da própria Transocean operando a plataforma Deepwater Horizon). A empresa também possui na mesma apólice cobertura de outros US$5 milhões para cobrir danos a terceiros (funcionários da BP e outras terceirizadas que trabalhassem na plataforma Deepwater Horizon). 11 funcionários estão pressumidamente mortos e 17 feridos, sendo que destes 3 estão em estado grave.

A Transocean ainda possui cobertura de até US$ 950 milhões para qualquer dano a terceiros. Lembrando aqui que multas por danos ambientais não são cobertos em nenhuma apólice de seguro no planeta. Mas há cobertura, por exemplo, para a indústria pesqueira da Louisiana que está estimado em US$ 2,5 bilhões, e para o turismo na Flórida estimado em US$ 3 bilhões.

Ou seja, no que diz respeito a danos a terceiros, muito provavelmente a Transocean, a BP e outros envolvidos tenham que arcar com parte excedente dos prejuízos.  É importante lembrar que a BP é dona de 65% do poço, enquanto a Anadarko Petroleum Corp. possui outros 25%.

Já o dano material, coberto pela apólice de riscos de petróleo da Transocean, está segurado em US$ 560 milhões, embora estima-se que o valor atual de reposição de uma plataforma idêntica esteja em US$ 700 milhões.

A Partner Re já anunciou US$ 60 a US$ 70 milhões em perdas com a Deepwater Horizon, a Hannover Re anunciou perdas de US$ 53 milhões com o acidente, a exposição da Munich Re é de US$ 100 milhões, entre outras inúmeras seguradoras que completam a colocação destes seguros no mercado.

Quanto custa um acidente? Essa é a pergunta que todo gerente de riscos pretende responder para justificar aos gestores investimentos em proteção. Neste caso da Deepwater Horizon, e apenas citando a BP (sem mencionar os custos à Transocean), analistas de mercado estimam que custe à BP US$ 10 bilhões em capitalização da empresa no mercado financeiro. As ações da BP cairam 13% desde o acidente, representando US$ 20 bilhões, mas as ações deverão voltar a subir após a solução recuperando em parte esse custo. Enfim estimam o custo de US$ 10 bilhões para este acidente ! É muito dinheiro.

BP Transocean Deepwater horizon