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Quem compra Cessna não é demitido ! Comentários do acidente com o Caravan da FAB.

A Força Aérea Brasileira conta com uma frota de aproximadamente 800 aeronaves. Ela utiliza, com pequenas diferenças, o mesmo código da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para classificar suas aeronaves. Uma mesma aeronave pode ser chamada pela designação dada pelo fabricante ou pela Força Aérea Brasileira. Na nomenclatura da FAB, C significa avião de transporte. A FAB possui em operação 7 aeronaves Caravan (208A) e 10 aeronaves Grand Caravan (208B), estas aeronaves receberam a designação C-98 e C-98A. Ou seja, o C-98 da FAB é o código do avião C-208. Por isso as matérias veiculadas na imprensa confundiram muita gente… afinal é C-98 ou C-208? Ambos estão certos, um refere-se ao modelo do avião e o outro refere-se ao código militar para o avião.
A história desse avião é a seguinte: na fábrica da Cessna, localizada no Kansas (EUA), o primeiro modelo de produção do Caravan foi o 208A ou simplesmente Caravan 1, certificado pela FAA em 1984 e inicialmente produzido em 1985. Em 1997, a Cessna introduziu um motor mais potente (Pratt & Whitney – PT6A-114A) inaugurando a versão 208A ou Caravan 675. Depois veio a variante mais alongada para até doze assentos – C-208B – que iniciou fabricação em 1986, chamando-se Grand Caravan. Todas essas versões admitem acoplar flutuadores (esquis) tornando-os anfíbios para pouso e decolagem na água. Esses diferentes modelos podem apresentar configuração de assentos 1+9 até 1+14, sendo o mais comum na aviação comercial 2+8. O avião em cruzeiro atinge 341 Km/h. A partir de 2007 a Cessna acrescentou no Caravan, aviônicos que dão maior segurança tais como: GPS, TCAS e Anti-icing.

Este avião é perfeito para operações na Amazônia. Porque? Por que ele pode pousar em qualquer tipo de pista, independentemente do terreno. Além disso seu projeto permite o uso de flutuadores para pouso nos rios da região.  É uma aeronave que responde bem em casos de emergência para pousos na água, mesmo sem o flutuador acoplado. Enfim, há uma máxima na aviação que se aplica neste caso: “Quem compra Cessna não é demitido!”.

Na manhã da última quinta-feira (29/10), o avião da FAB fez um pouso forçado no igarapé Jacurapá, sem os flutuadores, devido a perda de potência do seu único motor. Nove pessoas sobreviveram e duas faleceram. A aeronave C-98 Caravan foi levada pela correnteza e repousou a aproximadamente 6 metros de profundidade, a 6 metros da margem do rio e distante em torno de 370 metros do local onde foram resgatados os nove sobreviventes, na manhã do dia seguinte (30/10).

Alguns acidentes deste mesmo tipo já aconteceram na Amazônia, com o mesmo avião, felizmente sempre com sobreviventes. E geralmente com o piloto tentando pousar no rio, o que é uma boa solução neste caso. Alguns destes acidentes eu mesmo analisei pelo seguro, fato que me deu experiência e permitiu prever acertadamente os acontecimentos na minha entrevista dada ao Jornal “Em Cima da Hora” da Globonews, na manhã do dia 30, quando ninguém ainda havia sequer localizado o avião.

Resta saber o que causou a perda de potência no motor. Perda de combustível, falha no abastecimento, falha de equipamento ou de sua manutenção? O fato é que acidentes com a FAB, além de raros, não ocorrem por negligência. Portanto, o erro de um procedimento ou operação não prevista servirá de ensino até para a Cessna evitar futuros acidentes. Este acidente, por si só, não pode macular a imagem da nossa Força Aérea.

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Aeronáutica afirma que 8 fatores contribuíram para acidente da TAM

Segundo matéria do G1, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu que oito fatores contribuíram de maneira decisiva para a tragédia com o voo 3054 da TAM, que deixou 199 mortos, em 17 de julho de 2007.

O relatório final aponta entre os fatores contribuintes os seguintes: erro do piloto quanto a posição das manetes, falha na qualidade da pista de Congonhas, uma falha do Airbus pelo atraso em disparar um alarme alertando a tripulação da falha, e treinamento insuficiente dos pilotos da TAM.

Ainda aguardamos a publicação do relatório, prevista para o final do ano (2009), pois há expectativa quanto ao reverso pinado ter prejudicado o pouso, bem como o peso do A320 para uma pista curta e molhada.

Quanto ao CENIPA exigir correções no treinamento da TAM, na verdade é um padrão mundial. Sempre que há um acidente aéreo pede-se melhoria no treinamento dos pilotos da operadora responsável pelo avião acidentado. Nesse caso não fugimos a regra. Embora tenha, de fato, havido erros do piloto, colocado numa situação de crise com menos de um minuto para tomar a decisão.

Todos os acidentes aéreos nos ensinam, para corrigirmos desvios e falhas, evitando sua repetição em acidentes futuros. O que foi feito a partir desse acidente? Estamos evitando pousar em Congonhas aeronaves de grande porte? Houve mudanças na fiscalização da qualidade do asfalto de Congonhas? A pista de Congonhas construiu uma área de escape?