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Aviação

O apagão da mão de obra no setor aéreo. Um novo caos aéreo se avizinha e evidencia mais esta falha na nossa infra-estrutura.

No início dos anos 1940, Joaquim Pedro Salgado Filho (Político gaúcho, Ministro da Aeronáutica de 1941 à 1945), responsável pela criação do Ministério da Aeronáutica em 20/01/1941, já àquela época fazia uma grande campanha para formar pilotos. Nos anos 1950, outros fizeram novas campanhas estimulando os aeroclubes. Em agosto de 2001, Fernando Henrique Cardoso extinguiu o Ministério transformando-o no Comando da Aeronáutica (COMAER), ficando subordinado ao Ministério da Defesa.

Nos últimos meses observamos GOL, WEBJET e TAM com problemas para atender a escala de trabalho de seus tripulantes. O que todos negam, mas é evidente que há uma defasagem entre a oferta e demanda de Comandantes.

Esse problema não é uma exclusividade do Brasil. A situação é tão dramática que a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO), entidade ligada às Nações Unidas, está reduzindo as exigências de horas de vôo necessárias para a emissão da habilitação de pilotos para dar conta da demanda. A maior procura por profissionais está na Ásia, sobretudo China, Índia e países do Oriente Médio. O que esses mercados fizeram para atrair profissionais? Elevaram salários e benefícios, fato que atraiu tripulantes de diversos países para diversas companhias, entre as quais: Air China, Emirates, JAL, Korean Air. De acordo com o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), o número de brasileiros voando no exterior passa de 450.

Formar um novo piloto não é uma tarefa simples, e tampouco barata.

QUANTO CUSTA PARA SER UM PILOTO? (valor aproximado, pois varia de um local para outro)


Piloto Privado de avião

Curso teórico

R$ 1.300,00

Livros e computador de voo

R$ 250,00

Prova da ANAC (5 matérias – R$ 50,00 cada)

R$ 250,00

Exame médico

R$ 361,00

Ground School

R$ 80,00

35 horas de voo para checar (hora avulsa R$ 300,00)

R$ 10.500,00

Cheque (documentação)

R$ 400,00

Voo de cheque (uma hora e meia de voo)

R$ 350,00

VALOR DO INVESTIMENTO TOTAL PARA O CURSO DE PILOTO PRIVADO

R$ 13.491,00

Piloto Comercial de avião

Curso teórico

R$ 1.800,00

Livros e computador de voo

R$ 250,00

Prova da ANAC (5 matérias – R$ 50,00 cada)

R$ 250,00

Exame médico

R$ 361,00

Ground School

R$ 80,00

115 horas de voo para checar (hora avulsa R$ 350,00)

R$ 40.250,00

Cheque (documentação)

R$ 400,00

Voo de cheque (uma hora e meia de voo)

R$ 450,00

VALOR DO INVESTIMENTO TOTAL PARA O CURSO DE PILOTO COMERCIAL

R$ 43.841,00

 

Para ajudar o mercado a solucionar o problema, a ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil – a partir de 2009 contribuiu com o Programa de Desenvolvimento da Aviação Civil, do Ministério da Defesa, que neste ano ofereceu em média 240 bolsas de estudos por ano. O programa paga 75% do valor das aulas práticas, com um investimento de até R$ 3 milhões. Os aeroclubes para participar tiveram que fechar convênio com a agência. Já é uma ajuda interessante, e um movimento do governo para colaborar na solução do problema. No entanto, há uma restrição significativa neste apoio: os estudantes interessados precisam ter entre 18 anos e 35 anos e pelo menos 25% das horas de voo concluídas, além da aprovação no curso teórico. A restrição que vejo aqui, é que para se ter 25% das horas de voo é um investimento significativo para candidatos a piloto, de valor superior a R$ 10 mil.

No Brasil, a cada ano formam-se cerca de 150 pilotos com carteira de piloto comercial. Esse profissional entra em uma companhia aérea como co-piloto para ganhar experiência e, depois de 6 a 7 anos, pode ser promovido a piloto. Para se formar um piloto internacional, são mais 10 a 15 anos de experiência.

Pressionadas pela demanda, algumas companhias aéreas passaram a requerer apenas 250 horas de vôo para um piloto recém-contratado, contra 1500 exigidas antes. Em 2008, a Gol precisou conceder um aumento de 44% na hora variável de um comandante para estancar a perda de profissionais. A empresa chegou a perder 12 comandantes.

Segundo dados divulgados pela ANAC, em 2009, o Brasil passou a contar com mais 2600 novos pilotos em 2009. A maior parte deles, 1200 é de pilotos privados de avião. Apenas 105 tiraram licença para pilotos comerciais e 41 de linha aérea.

No Brasil temos 60 mil pilotos. Segundo dados de outubro de 2009, são 5,3 mil pilotos de linhas aéreas. Só na TAM temos atualmente 2207 pilotos e co-pilotos. Há ainda 6,1 mil pilotos comerciais, que podem trabalhar em táxi aéreo ou como piloto particular, por exemplo.

As empresas aéreas precisam atender as exigências legais da Lei do Aeronauta (Lei 7.183 de 1984) e da Convenção Coletiva do Trabalho 2009/2011, celebrada em 17/12/2009, as quais preveem descansos, folgas, revezamentos, etc. Das quais depreende-se que para uma tripulação simples há uma escala de 10 horas de trabalho para 20 horas de descanso, e para uma tripulação composta há uma escala de 13 horas de trabalho para 17 horas de descanso.

Atualmente, no Brasil, a média de voo das aeronaves é de 12,6 horas (12 horas e 36 minutos) por dia. Se o primeiro voo se dá às 6:00hs, o piloto estará liberado às 18hs e somente voltará ao trabalho às 11hs da manhã do dia seguinte.

Portanto, é importante a empresa possuir 6 pares de pilotos para atender aos voos domésticos. Ou seja, para 148 aeronaves a TAM precisa de 1776 pilotos (metade destes comandantes) operacionais e ativos. A GOL, com 121 aeronaves, sendo 112 operacionais, precisa de 1344 pilotos e co-pilotos. Isto sem contar os voos internacionais!

Em 2010, os custos com pessoal apresentaram um aumento de 12,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, principalmente devido ao dissídio salarial de 6% aprovado em dezembro de 2009, e aumento no quadro de colaboradores. O crescimento no quadro de pilotos e co-pilotos foi de 6,0% para fazer frente a contínua expansão da demanda no setor (crescimento de 23,3% na malha aérea total). Mesmo com mais contratações, houve aumento de 4,5% nas horas voadas, que por consequência, acarretam em aumento na remuneração-hora pagas aos tripulantes.

O Sindicato Nacional dos Aeronautas está negociando um reajuste salarial de 15% além de elevação de 30% no piso salarial. O sindicato patronal quer aplicar um reajuste pelo INPC em 1º de dezembro e a alterar a data base para 1º/04/2011.

Além disso, o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias – SNEA apoia o PL 6.716/2009, que propõe mudanças no artigo 158 do Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA). Entre as alterações estão a ampliação da participação do capital estrangeiro nas empresas aéreas e contratação de tripulantes estrangeiros por até cinco anos — hoje, a lei permite contrata-los por no máximo seis meses. A proposta foi aprovada em junho em uma comissão especial da Câmara dos Deputados e aguarda votação em plenário. Depois, deve ir para o Senado.

Em suma, o dissídio que sempre foi no dia 1/12 está num impasse com grande chance de caminhar para o caos aéreo no final do ano.

Há grandes riscos em todo esse cenário:

1) A contratação de pilotos estrangeiros, com os nossos níveis salariais, apenas nos permitirão contratar de países africanos, com categoria de segurança ICAO abaixo dos níveis 1 e 2. Ou seja, um piloto menos acostumado a elevados padrões de segurança de voo.

2) O descaso de anos sem investimento em treinamento e formação de pilotos, fez com que tenhamos agora um apagão de mão de obra. Assim sendo poderemos ter estrangulamentos no crescimento do setor nos próximos anos. As bolsas da ANAC somente terão efeito, no mínimo daqui a 5 ou 6 anos, quando co-pilotos podem se tornar comandantes.

3) A jornada de trabalho exaustiva dos pilotos pode influenciar no aumento de erros destes e consequentemente na ocorrência de acidentes.

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Aeroportos Aviação

Todos preocupados com Estádios e Aeroportos para a Copa 2014. Não se esqueçam do Controle do Espaço Aéreo!

Toda a vez que há suspeita de que uma aeronave voando teve sua “bolha de proteção” tocada (pelo solo ou por outra aeronave), independentemente do tamanho dessa redução de espaçamento, há uma apuração para verificar se houve de incidente. O controle de tráfego aéreo (DECEA – Departamento do Controle do Espaço Aéreo) é o responsável pela manutenção e monitoramento desse espaçamento.

afastamento

Figura do site: www.defesanet.com.br (valores aproximados)

Em 2008, o Fantástico noticiou um incidente ocorrido em 18 de junho daquele ano, no Aeroporto Internacional de Rio Branco (AC), onde um B737 da GOL quase colidiu com outro avião da FAB.

A iminência de outro acidente envolvendo um Airbus da TAM que fazia a rota Brasília-São Paulo, no voo JJ 3717, e um Bandeirante de propriedade privada, no dia 24 de junho deste ano, não foi o primeiro incidente de quase colisão de aeronaves registrado em 2010.

Conforme matéria do site IG ( http://migre.me/Yhbt ) – colunista Guilherme Barros – dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) indicam que apenas até maio, foram registradas 77 ocorrências de quase colisão no Brasil. Em 2009, durante todo o ano, foram 173 relatórios informando esse tipo de incidente.

Em 2009 o CENIPA registrou 1076 incidentes, um recorde histórico, na aviação civil brasileira. E, portanto, quase 10% dos incidentes no país referem-se a quase colisões (em inglês near miss ou Airprox).

As ocorrências registradas nos primeiros cinco meses do ano já correspondem a quase metade de todos os registros de 2009. Casos como o de uma aeronave que teve de arremeter por conta de outra que estava taxiando na pista – após autorização do pouso da primeira – também são considerados quase colisão.

A Taxa de risco no Brasil é mais elevada que nos EUA.

Um em cada quatro controladores americanos são recém formados. Muitos dos controladores estão alcançando a aposentadoria. Conforme reportagem do jornal The Washington Post, apenas nos seis primeiros meses desse ano já foram reportados mais incidentes do que todo o ano passado (com 18 casos) na Terminal de Washington-metro área. A matéria aponta que em 2009 os controladores americanos cometeram 949 erros.

A FAA (Anac americana) – Federal Aviation Administration – responde que o treinamento dos controladores é suficiente e que este não é o motivo do crescimento dos incidentes. Os EUA planejam aumentar a quantidade de vagas para controladores em 13% de 2008 até 2018, levando entre 2 e 4 anos para formar um novo controlador.

A NTSB – National Transport Safety Board – investiga 1.600 incidentes / acidentes por ano nos EUA (aqui só contando a parte aeronáutica). Em 2009 o controle do espaço aéreo americano deu conta de 40 milhões de aeronaves, isso não inclui as aeronaves não controladas, de vôo privado visual a baixas altitudes. Nos EUA ao final de 2008 havia mais de 600 mil pilotos registrados, mais de 231 mil aeronaves de aviação geral, e mais de 2.800 helicópteros operando.

Segundo o Sindicato dos Controladores Aéreos dos EUA há aproximadamente 14 mil controladores de tráfego aéreo naquele país, que em média trabalham 40 horas por semana. Se os números da matéria do Washington Post estiverem corretos, 949 erros para 40 milhões de voos dá um índice de 1 falha para aproximadamente 42.150 vôos.

No Brasil, em 2008, conforme o relatório Anuário do Transporte Aéreo (ANAC) tivemos 624.915 voos domésticos e 57.478 voos internacionais, totalizando 682.393. Considerando que os 173 casos de quase colisão, tem culpa ou participação do controlador, a nossa taxa de risco é de 173 casos para 682.393 voos, que resultam em 1 falha para aproximadamente 3.945 voos. Ou seja, nosso índice nos coloca num patamar de segurança de voo mais arriscado que o observado nos EUA com um volume mais que 40 vezes maior de voos.

Para contra argumentar o DECEA informa que “Os índices da FAA, diferentemente dos brasileiros, que consideram o total de incidentes de tráfego aéreo ocorridos, levam em conta apenas as ocorrências em que o controle do tráfego aéreo é identificado como responsável por tal situação. Há de se considerar ainda que eles avaliam por tipo de órgão de controle e sua tipologia é diferente do padrão adotado pela OACI-ICAO, seguido pelo Brasil.” Mais considerações a este respeito se consegue no site http://migre.me/Yhcu .

Vale lembrar ainda que o total de voos diários informados pelo DECEA é de 19,6 mil, mas aqui envolve aviação geral que normalmente não é controlada pelo ATC. Portanto, não reflete a carga real de trabalho do controlador.

A formação do controlador no Brasil:

Enquanto o avião da TAM quase abalroava outra aeronave, se davam as comemorações alusivas à formatura de conclusão de curso da 230ª Turma do Curso de Formação de Sargentos (CFS) e da 14ª Turma do Estágio de Adaptação à Graduação de Sargento (EAGS). Treinamento e contratações iniciadas em 2008 após o apagão aéreo. O Curso de Formação de Sargentos (CFS), com duração de dois anos, formou 343 novos profissionais, sendo 224 homens e 119 mulheres. Alguns destes – não foi divulgado – serão nossos novos controladores de voo, outros serão Sargentos de outras áreas militares.

Em abril de 2010 a Aeronáutica (FAB) abriu novo concurso para 160 vagas de controladores. O Curso de Formação de Sargentos (Modalidade Especial) da Especialidade Controle de Tráfego Aéreo, é ministrado pela Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), em Guaratinguetá-SP, e tem duração de um ano. Durante a formação os alunos terão instruções nos Campos Geral, Militar e Técnico-Especializado. Ao concluir o curso, o aluno será promovido a graduação de Terceiro-Sargento, com salário inicial bruto de, aproximadamente, R$ 2.800,00.

Vamos combinar que é um salário baixo para um profissional com tamanha responsabilidade. Alguém poderá reagir: -“Mas é o salário para iniciar a carreira.” Sim, mas não há plano de carreira! E no meio militar ele será sempre um Sargento, seu salário vai acompanhar os demais Sargentos que atuam em outras tarefas. Dificultando assim a evolução, reciclagem e motivação do mesmo profissional. O DECEA tem 11 mil profissionais, dos quais aproximadamente 3.000 são controladores.

O sistema que demora a avançar e não acompanha a evolução de nossa aviação.

A ICAO (International Civil Aviation Organization), em 1983, criou o Comitê FANS (Future Air Navigation Sistems) com o objetivo de estudar soluções com as novas tecnologias que estavam sendo desenvolvidas, para àquela época resolver os problemas das congestionadas rotas do Pacífico Sul. Estas rotas, inchadas devido ao crescimento da economia japonesa e dos tigres asiáticos, apresentavam um volume de tráfego muito grande que com os antigos sistemas de navegação que não acompanhavam a demanda, tiveram os gabaritos de segurança rebaixados e, além disso, tornando os voos mais demorados e caros.

Em 1986, foi definido como seria estruturada a transição para os novos sistemas de aviação, que foi dividido em Segmento Espacial, composto pela constelação de satélites de navegação (chamado então de Global Navigation Satellite System – GNSS) e comunicação;
Segmento de Controle, composto pelos órgãos de controle de tráfego aéreo; e Segmento Usuário, que seriam todos que utilizassem o serviço dos Segmentos Espaciais e de Controle.

Em 1991 houve um fórum entre as indústrias de equipamentos aeronáuticos e os representantes de governo para averiguar as capacidades técnicas das indústrias e as normas e especificações dos futuros sistemas, determinando prazos para que a transição e finalização da implantação, prazo esse que terminaria agora em 2010.

Os sistemas hoje utilizados ainda usam tecnologia de 1946 baseada na interação do Homem e sistemas de apoio em terra (Controle). A migração para o CNS/ATM não prejudica os sistemas antigos, pois a tecnologia atual permite a comunicação entre os sistemas ao longo da migração. A sigla CNS/ATM, que significa Communication Navigation Surveillance / Air Traffic Management (Comunicação Navegação Vigilância / Gerenciamento de Tráfego Aéreo), resume todas as transformações nestes segmentos de aviação.

Até 2006 nada acontecia, até que a Portaria 109/DGCEA, de 20 de outubro de 2006, aprovou o “Programa de Transição do SISCEAB utilizando o conceito de Sistema CNS/ATM”. No entanto, não avançou muito e foi revogada em 5 de maio de 2009, pela Portaria DECEA No 128/DGCEA.

Essa mesma Portaria, DECEA No 128/DGCEA, denota que a Aeronáutica mudou rumos mas já está implantando um novo sistema ou modelo. Descrito como Programa de Implementação ATM Nacional. Que pode ser conhecido no endereço: http://www.decea.gov.br/cns-atm/arquivo/PImpATM.pdf

Ao final de 2009 a FAB já demonstra avanços, Os controladores de voo do Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA II), em Curitiba, realizaram treinamento para operar uma nova plataforma de controle de tráfego aéreo, versão que reúne, entre outras melhorias, uma nova visualização para reduzir o esforço dos operadores e um número maior de ferramentas de segurança como, por exemplo, alertas. O novo sistema adotado pela Comissão de Implementação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) foi batizado de Sagitário (Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios de Interesse Operacional). Que criatividade nesse nome hein…

Em julho de 2010, motivados pelo incidente e reação da imprensa sobre a quase colisão de junho do mesmo ano, as autoridades anunciaram a construção de uma nova torre em Congonhas (SP) e que o sistema vai evitar que o aeroporto de Cumbica feche por más condições do tempo. Até 2012, a previsão é gerenciar 60 voos ao mesmo tempo.

Congonhas poderia ter mais voos? Sim. Congonhas está trabalhando com 30 operações por hora. Nos Estados Unidos, a média é de 71 operações por hora. Podemos utilizar melhor nossos ativos sem risco de segurança. No entanto, precisaremos de mais controladores.

Enfim, o que se depreende de todos esses fatos, regulamentações e etapas até aqui? Que a migração de sistemas, envolvendo o investimento e orçamento do Estado, é muito lento. Depende de pressão popular. Pois os políticos são movidos para obras (PAC) que aparecem: pontes, hidroelétricas, etc. O radar ninguém sabe que existe, apesar de dependermos muito dele.

E falando em política…

Segundo noticiado em novembro de 2006, o Ministro da Defesa Nelson Jobim foi contrário ao confinamento de controladores rebelados, e chegou a pedir que os controladores resistissem à pressão. O governo queria e prometia àquela época tirar da aeronáutica o controle do tráfego aéreo e repassá-lo a civis. Quatro anos depois nada aconteceu !

Em 2006 o governo exonerou a direção do departamento da aeronáutica que chefia todos os controladores de vôo do país. Á frente do departamento de controle de espaço aéreo, o brigadeiro Paulo Roberto Cardoso Vilarinho comandava 2.700 controladores de voo militares e civis. Foi ele quem determinou o aquartelamento (prisão) dos funcionários na tentativa de acabar com o caos nos aeroportos provocado pela operação-padrão. Enfim, o governo apenas aposentou a liderança militar mas o controle aéreo não mudou.

A Justiça Militar iniciou em março de 2010 o processo contra 51 controladores de tráfego aéreo que, há três anos, participaram de uma paralisação levando ao caos aeroportos em todo o país. Insatisfeitos com as condições de trabalho, controladores de tráfego aéreo se recusaram a monitorar os aviões que cruzavam os céus do Brasil. No dia 30 de março de 2007, milhares de usuários de transporte aéreo se acotovelavam nos aeroportos sem poder embarcar nos voos. Denunciados pelo Ministério Público Militar (MPM) por prática de motim e por deixar de prestar o serviço de controle aéreo, prerrogativa exclusiva do governo federal, os militares começaram a ser interrogados e a se defender. O objetivo final dos controladores envolvidos é tentar se livrar da expulsão da Aeronáutica e de penas de prisão que podem variar entre dois e oito anos.

Em paralelo ao processo, buscando o caminho da política, o sargento Edleuzo Cavalcante e o controlador Wellington Rodrigues querem fazer a bancada da corporação. Ambos são candidatos do PSOL as Câmaras Federal e Estadual. Com a experiência de quem foi preso pela FAB durante a rebelião, o sargento Wellington aponta a desmilitarização do controle do tráfego aéreo como a principal bandeira da campanha. Será que o Ficha Limpa se aplica aqui?

Conclusão:

Todos os envolvidos neste assunto tem pontos interessantes a serem considerados:

1) Os Controladores merecem treinamento e remuneração adequada;

2) O DECEA vem investindo na contratação de novos controladores e em sistemas, mas isso leva tempo. E precisa de autorização do Governo para liberar esse investimento no orçamento;

3) Estamos correndo riscos. Nossas taxas de quase-colisão são elevadas;

4) Todo mundo está falando em aeroportos, ninguém lembra dos bastidores (radar e controle) para a COPA de 2014. E como você convidar muitas pessoas para uma grande festa na sua casa. E para isso se preocupa com a quantidade de cadeiras, com o visual da sua sala, com a comida, com o som, banheiros, etc. Contudo, esqueceu de pagar a conta de energia e faltou luz no dia! Que mico!