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Acidentes Industriais

Explosão em central elétrica nos EUA

Uma explosão no domingo, 7 de fevereiro de 2010, atingiu a termelétrica Kleen Energy que fica em Middletown, Connecticut (EUA). A planta de 620 megawatts ainda estava em construção, com previsão de início das operações para 1 de junho de 2010.

A Kleen Energy é propriedade da White Rock Holdings, que foi financiada em US$ 1,35 Bilhão. Sendo parte por um fundo do governo americano – voltado para estímulo do setor de energia – em US$ 361 milhões, e outra parte pelo mercado em US$885 milhões, o restante US$ 104 milhões pela holding. Os US$ 885 milhões foram colocados no mercado pelo Goldman Sachs, investimento (rating BBB-) que atraiu BNP Paribas, ING, Scotia, Natixis, Dexia e West LB. Outras fontes informam que recentemente a Energy Investors Funds adquiriu 80% do controle da Kleen Energy.

A Kleen Energy assinara contratos – de 15 anos de vigência – de entrega de energia pelo preço de mercado, com mínimo de $13,40 KW por mês, com a Connecticut Light & Power. Fato que garantiria no fluxo de caixa o retorno do investimento. Dificilmente estes contratos não possuíam seguros de garantia de performance.

O projeto da Kleen Energy, que explodiu nesta manhã de domingo,  ainda estava em teste com previsão de inaugurar em 1 de junho de 2010. A termelétrica buscava eficiência de 60% que viria do reaproveitamento do gás natural desperdiçado na primeira queima (primeira turbina) numa turbina secundária. Normalmente as térmicas aproveitam apenas 30% do gás usado na geração de energia, e neste projeto alcançaria 60%. Porém a complexidade da construção da planta é maior. E os testes podem ter gerado vazamento de gás, ocasionando a explosão afetando a planta com 5.000 toneladas de aço e deixando diversas vítimas (até agora 5 fatais).

Vale lembrar o clima seco em Connecticut onde qualquer fagulha é facilmente gerada até por atrito. Um vazamento de gás é o principal motivo (trigger) estudado pelos bombeiros que estão na planta neste momento. Erro de projeto e erro humano serão as causas investigadas como primárias.

Outra questão para ser investigada, é que esta planta é refrigerada à água, alimentada pelo Rio Connecticut (fato que no início das obras gerou reclamação de ambientalistas), e nesta época o frio intenso congela as águas e prejudica seu fluxo.

A responsável pela construção da planta é a companhia O&G Industries, e dependendo do motivo deste acidente poderá ser a grande responsável pelas indenizações. O fornecedor do gás natural é a Spectra Energy Corp.’s Algonquin Gas Transmission Co.. As turbinas dão da Siemens Power Generation.

Certamente teremos um seguro de risco operacional e lucros cessantes elevados envolvidos nesta questão. Mas o de garantia financeira (performance bond) ultrapassará qualquer volume indenizado pelos antes citados. Há ainda um seguro de responsabilidade civil a ser utilizado nos danos extra-muros (há relatos de danos a vidraças em residências localizadas a 1,6 km da planta), que devem ser pequenos  em relação aos demais sinistros aqui apontados.

Por Gustavo Cunha Mello

Prof. Gustavo Cunha Mello, Economista, com MBA em Gerenciamento de Riscos pela COPPE-UFRJ, Pós Graduação em Engenharia de Planejamento pela COPPE-UFRJ e Mestrado em Engenharia de Produção – Sistemas de Gestão pelo Latec-UFF. Gerente de Riscos, Corretor de Seguros, Perito Judicial e Investigador de Acidentes. Professor desde 2000 da Escola Nacional de Seguros – Funenseg – nos cursos técnicos e no MBA de seguros. Também é professor da UFF e do IBMEC nos MBAs de gerenciamento de riscos e gestão de projetos (PMBOK). Membro de Comitês na ABNT. Trabalha há 30 anos no setor de seguros e na consultoria de gerenciamento de riscos. Tendo concluído diversos cursos de seguros e análise de riscos no Brasil e no exterior através do AICPCU/IAA - American Institute for Chartered Property Casualty Underwriters and the Insurance Institute of America - Malvern - Pennsylvania, bem como cursos de Resseguros executados no Lloyds de Londres pelo CII – Chartered Insurance Institute. É articulista de diversas mídias especializadas em seguros e gerenciamento de riscos, bem como da Globonews e Bandnews na área de gerenciamento de riscos.